quarta-feira, 29 de julho de 2015

A ESPIRAL RECESSIVA

Tão inevitável como a morte?

A concentração do capital, facilita, estimula e permite, comprar a concentração do poder político.

O poder político, (também o pseudo-democrático) adquirido pelos donos do capital, é usado como arma suprema contra quem vive do seu trabalho.

Os donos do capital, para defender os seus interesses, passaram a preferir as armas “democráticas.” Aquelas que sem prender formalmente as pessoas por delitos de opinião, até lhes permite eleger os seus representantes, desde que os escolhidos sejam quem eles querem e em quem confiam.

As vias democráticas para impor os interesses do capital e sujeitar quem trabalha às suas leis, começam a ser demasiado óbvias e perceptíveis aos olhos das vítimas e, por isso, mais uma vez, os capitalistas pressentem o perigo e cerram fileiras em defesa dos seus privilégios, daí a propalada ostentação de firmeza e cega irredutibilidade na decisão de querer arrebanhar, custe o que custar, o dinheiro que semearam nas grandes sementeiras da especulação, feitas em “terras de reduzida fertilidade”.

Nervosos, perante as ténues ameaças que o futuro desenha, “reagem à capitalista”e não resistirão à tentação de recorrer à força das armas e da repressão generalizada, para tentar “controlar à nascença” as tempestades sociais que as suas humilhações provocaram.
Ilusão!

Aos Homens, Aos Países, às Comunidades Humanas, às Sociedades Nacionais ou supra-nacionais, nada as empurra mais irracionalmente para a voracidade incontrolável da Guerra do que a Humilhação. Pelos vistos, para lá caminhamos de novo!

E a partir do momento em que a Espiral Repressiva do Capitalismo sinta de novo a necessidade de abandonar a capa sacrossanta da camuflagem democrática, privando-nos também das liberdades formais… aí, (demasiado tarde?) contra a violência despida de cinismos, toda a violência revolucionária será de novo legítima, desta vês à escala da Europa, tem der ser. Aí, disso não tenho dúvidas, o Povo português, a sua juventude, estarão de novo dispostos a sacrificar as vidas, para chegar de novo à Av. da LIBERDADE.

É imperioso obrigar os capitalistas (os lobos) a despirem os seus disfarces de cordeiros.

Desengane-se quem avilta a dignidade humana. Mais segura, tranquila e feliz é a vida duma família socialmente solidária, que a vida duma família muito rica de património conseguido à custa da miséria alheia.

Camilo Mortágua
(Julho de 2015)

segunda-feira, 6 de julho de 2015

AS SIMPLES EVIDÊNCIAS DA TRAGÉDIA GREGA



Esclarecimento:
Entendemos por “simples evidências” as questões que pensamos serem de compreensão razoavelmente consensual entre diferentes “analistas opinadores” da questão grega.

Primeira evidência:
Até 25 de Fevereiro de 2015, data da eleição do Syriza. Os dirigentes da União Europeia entregaram aos diferentes Governos eleitos pela Grécia, Governos ditos socialistas ou aparentados (mas na sua prática política, fieis defensores de políticas favoráveis ás poderosas e incontroladas oligarquias financeiras e capitalistas do país) a totalidade do dinheiro que gerou a monstruosa dívida que deu origem à aplicação das medidas de austeridade que incitaram o povo grego a votar no Syriza na esperança de que um partido de esquerda pudesse estancar a hemorragia da corrupção interna e (pelo menos) conseguisse suavizar a dura austeridade, convencendo os prestamistas da Europa da impossibilidade de pagar nos prazos e condições exigidas, sem afectar gravemente a própria capacidade do País para poder ir gerando riqueza para pagar dívidas.

Segunda evidência:
Face à eleição de um governo anti-capitalista, os prestamistas da UE julgando estar a defender os seus interesses…disseram; – alto lá, não se pode permitir que estes “jovens inexperientes de esquerda” logrem o menor sucesso para os seus intentos, se isso acontecer, todos os actuais e próximos governos dos estados membros da união que nos apoiam, ficam em dificuldades perante as oposições de esquerda. Por outro lado… nós os que vivemos de emprestar, não podemos correr o risco de ficar sem clientes, que é o que acontecerá se permitirmos que nos paguem “quando puderem” sem precisar de voltar a pedir emprestado!
Quem paga, tem que necessitar voltar a pedir, se não lá se vai o negócio!

Terceira evidência:
Os povos da Europa, a começar pelo Grego e as esquerdas europeias, ainda não compreenderam a verdadeira natureza dos sentimentos e maneiras de ser dos capitalistas e do capitalismo, admitindo incoerentemente que estes “também são humanos”e, portanto, susceptíveis de uma “boa acção”!

Quarta evidência:
Lograr que a tragédia grega possa - ser mais um passo para o lento esclarecimento da desumana coerência do capitalismo como doutrina social para a Paz e harmoniosa governação da Humanidade -, é o melhor dos resultados a esperar de cada acção.
PARA a esquerda solidária e anti-capitalista, o importante é dispor de oportunidades para lutar e demonstrar ao Mundo, quem são e como agem infalivelmente os acumuladores de capital, os defensores do Capitalismo.

A nossa solidariedade é com as lutas, sem dependências dos resultados. Sem dependências das hipotéticas boas vontades dos capitalistas.
Não podemos depender de tácticos resultados circunstanciais, porque dependemos, queiramos ou não, do avanço da compreensão dos povos, sobre as razões dos capitalistas para serem nossos inimigos.
Só compreendendo-os como realmente são, será possível vencê-los democraticamente.  

Camilo Mortágua